quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Para que serve a Fundação Cultural?


No último 25 de Outubro o Jornal 'O Vale' publicou um Editorial com o título de 'A Teia da Mesmice' que constituía de um ataque à comunidade artística da cidade de São José dos Campos. Indignados, nós do 'Cultura em Movimento' enviamos uma carta ao Jornal solicitando sua publicação como direito de resposta. A carta nunca foi publicada... decidimos então publicar o conteúdo da carta nas redes sociais! Segue abaixo!


                                   PARA QUE SERVE A FUNDAÇÃO CULTURAL?

O Coletivo Cultura em Movimento em resposta ao Editorial "Teia da Mesmice" publicado no último 25 de Outubro vem afirmar sua atuação em diversos setores da arte-cultura em São José dos Campos com seus grupos, pontos de cultura, associações, artistas, produtores, mestres de tradição oral nos seus mais de vinte cinco anos de militância cultural com representações inclusive estadual e nacional no programa cultura viva. 

Desde 2009 se engaja fortemente nas discussões e rumos para a democratização da política cultural do município por entender que a atual política não atende às necessidades de seus munícipes. Recentemente este mesmo coletivo produziu uma Carta Compromisso que foi entregue a todos os candidatos à prefeitura de São José dos Campos. Neste documento constam conteúdos e diretrizes básicas em consonância com o Sistema Nacional de Cultura com o objetivo de sugestão e orientação para a nova gestão, que chega com grandes desafios, na criação de uma política municipal para a cultura. 

Entre os tópicos abordados na Carta destacamos: Definição quanto a identidade pública da FCCR; Adesão ao Sistema Nacional de Cultura que estabelece: Instituição do Fundo Municipal para a Arte e Cultura (em substituição à Lei de Incentivo Fiscal - LIF) e Plano e Conselho Municipal de Cultura; A democratização do acesso ao Conselho Deliberativo da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) com foco na representação artística; Revitalização de espaços culturais e históricos abandonados; Implementação de uma rede de Pontos de Cultura Municipal. O que a comunidade artística não admite é a reedição da política clientelista e de balcão que marcou as últimas gestões em detrimento de uma gestão participativa. 

Estimular a criação de parcerias públicas e privadas entre artistas, grupos e associações culturais e demais fazedores da cultura é importante desde que de forma transparente através de editais públicos. Outros pontos abordados são: a formulação de uma parceria entre a FCCR, a SME (Secretaria Municipal de Educação) e a Secretaria do Esporte e Lazer, para constituição do Segundo Turno Cultural em escolas de tempo integral; Estabelecimento de diálogo permanente entre a FCCR e as
Universidades locais para a implementação de cursos em nível superior e pós-graduação na área artística. Em relação aos equipamentos públicos destinados a arte-cultura, se faz necessário um novo olhar que envolva tanto a preservação histórico-ambiental como um projeto de modernização que atenda a atual e futura demanda. Propiciar em praças públicas instalações permanentes adequadas para as apresentações e apreciações artísticas de forma a oferecer dignidade, conforto e respeito ao cidadão (banheiros, acentos, cobertura, equipamentos de som e luz, camarim, etc.). 

O Cultura em Movimento acredita que a função da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo) passa pela valorização da cultura em seus múltiplos aspectos, deve considerar a diversidade cultural do povo, integrar, fomentar tanto as culturas tradicionais, eruditas e populares como as indústrias criativas e todas as cadeias produtivas do setor, sem hierarquizar estas dimensões. Que um novo ciclo se estabeleça nesta cidade onde Teatros não sejam mais invertidos e abandonados; que se abandone, isso sim, os preconceitos conservadores e autoritários, e a cidade volte a ser uma, unida e solidária. 

Assinam esta matéria, artistas, representantes do Coletivo Cultura em Movimento Resposta elaborada pelos artistas: Jacqueline Baumgratz, José Moraes Barbosa e Marco Antônio Machado.